terça-feira, 30 de junho de 2009

Dança perde a revolucionária Pina


Os dedos de Pina dançavam.
As mãos e os pés de Pina dançavam.
Os braços e as pernas de Pina dançavam.
A cabeça e os olhos de Pina dançavam.
A alma de Pina dançava.

A bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch faleceu nesta terça-feira (30), aos 68 anos, vítima de câncer. No dia 27 de julho faria aniversário.

No domingo, falei que assistiria Pina no Brasil a qualquer custo – em setembro se apresentaria com a Tanztheater Wuppertal (Cia. da qual era diretora) no Teatro Alfa, em São Paulo. Nesse mesmo dia ela subiu no palco pela última vez.

“Eu preciso ver essa mulher em cena. Não vou correr o risco de que ela morra antes de vê-la”, disse. Ironia? Prefiro crer que sejam as tais “coisas da vida”. Afinal, como poderia imaginar que três dias antes Pina tinha recebido o diagnóstico que a levaria em apenas cinco?

INOVADORA
Phillipine Bausch começou a estudar dança aos 15 anos na Folkwang School, dirigida pelo coreógrafo Kurt Jooss. Em 1959, ganha uma bolsa para frequentar a renomada Julliard School, em Nova York. Nos Estados Unidos, teve contato com Antony Tudor e José Limón.

Em 1962, a bailarina volta para a Alemanha, onde atua no Balé Folkwang, de Jooss. Mas é no início da década de 1970 que inicia a grande empreitada como diretora do Balé do Teatro de Wuppertal, que depois ganha o nome de Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal.

Pina era grande, uma artista autêntica. Transgressora. Revolucionária. Rompeu com os padrões da época. Foi a primeira a fundir de um jeito próprio a dança, o teatro e a música. Além dos bailarinos, levou para o palco objetos que se integravam às coreografias.

Nas primeiras apresentações, Pina mais incomodou do que agradou. Grande parte do público não entendeu o objetivo da coreógrafa. Mas não foi preciso muito tempo para emocionar o mundo. Aliás, a alemã era mestre em produzir as mais diversas reações na plateia, do riso ao choro.

O principal tema de suas obras era o sentimento humano, a vida. Mas também inspirou-se nos países em que esteve, incluindo o Brasil para o qual fez Água (2001). Entre os principais espetáculos que criou estão Cafe Müller (1978), Viktor (1986) e Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã (2002).

Influenciou inúmeros artistas, não apenas na dança. Ganhou diversas honrarias, como o Prêmio Europeu de Teatro, o Prêmio Kyoto e o Leão de Ouro na Bienal de Veneza. Desde o ano passado, o cineasta alemão Wim Wenders trabalhava em um documentário sobre Pina e a Cia.

A última vez em que a Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal esteve no Brasil foi em 2006.
Por Juliana Ravelli

2 comentários:

  1. Muito bacana. Um texto bastante jornalístico, mas com uma dose suficiente de opinião. Parabéns!

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  2. Que bom que ela nos deixou a dança-teatro. Ah e parabéns pelo blog! Um dos poucos que falam sobre dança, infelizmente... Já está add nos meus links. [www.desde1991.blogspot.com]
    Isabele.

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