quarta-feira, 9 de março de 2011

O balé está morrendo?


Estava no Terminal Tietê, no domingo (6), quando vi a capa do Estadão numa banca. A chamada da matéria principal do Caderno 2 me fez comprar o jornal rapidamente.

O texto - cujo título é Última Dança? -, de Francisco Quinteiro Pires, fala sobre o polêmico livro Apollo's Angels, escrito pela ex-bailarina e crítica de dança Jennifer Homans. A obra, lançada nos Estados Unidos no fim de 2010, foi eleita uma das melhores do ano pelo New York Times.

O livro mostra o desenvolvimento do balé ao longo dos últimos três séculos. Segundo Jennifer, também explica o que acontece atualmente com a arte, tentando estabelecer debate sobre a decadência da mesma.

"A coreografia contemporânea é tediosa, metódica, acrobática; ela deixa de lado a poesia e a criação de significado. Pode até ser tecnicamente sensacional, mas raras vezes é capaz de estimular as nossas emoções. O balé parece ter sido retirado da nossa vida, como se não fizesse parte do que somos."

Polêmica? O balé está mesmo acabando? Ainda estou refletindo. E vocês?

Veja a matéria completa aqui.

Escolhi para esse post um vídeo que me emociona demais. A sensacional italiana Carla Fracci fazendo a cena da loucura de Giselle (a melhor na minha humilde opinião). A versão, de 1968, é do American Ballet; o dinamarquês Erik Bruhn interpreta o príncipe Albretch. Recordo a primeira vez que a assisti. Lembra disso, Petito? Faz um tempão.


8 comentários:

  1. Não conheço o balé, mas o tipo de discussão que você levantou é muito comum no esporte. "Tal clube está acabando?" ou "tal esporte vai deixar de existir?" são perguntas frequentes no meio esportivo. Geralmente, essas perguntas começam quando um clube/esporte deixa de ter novos fãs. Porque são os fãs que importam, são eles que dão sentido às coisas pelas quais são aficionados.

    A partir do momento que o balé não consegue mais fãs (seja por falta de exposição ou de ídolos carismáticos), ou os atuais fãs não estejam a fim de que a arte de que gostam se espalhe (na vontade de que aquela arte continue reservada a poucos), a tal arte inevitavelmente vai passar por uma crise. Acho que deve passar por isso o problema que o balé vive hoje.

    ResponderExcluir
  2. O Ballet não está acabado, definitivamente não. Ele está esquecido, está trocado. Estão trocando a técnica delicada por pernas altas, trocando os pés esticados por triplas pirouettes, trocando o que deveria ser consequência da qualidade de um trabalho bem feito por cenas ensaiadas para apresentações. Estão trocando o amor e a interpretação dançada por uma técnica disfarçada. O ballet nunca estará acabado enquanto a arte for valorizada, enquanto alguém subir ao palco e for capaz de fazer a platéia se emocionar.
    Infelizmente são poucos os que dançam hoje com a alma bem além do corpo, mas havendo um, o ballet sobreviverá

    ResponderExcluir
  3. Acho que a arte, de modo geral passa por períodos de crise e descrença. De auto-questionamento. A crise e crítica interna são bem-vindas, em geral isso tende a provocar a recriação, a inovação. Se por um lado é uma furada cair na nostalgia das décadas passadas, desejando a recuperação do que foi incrível mas que já está ultrapassado, por outro, a dança não pode perder sua essência, que é ser arte. Se a dança deixar de ser arte, deixa de ser dança, morre. Então, concordo que a dança está passando sim por essa fase de crise, o que não quer dizer que seja um processo de morte, acredito que seja um processo de reavaliação. Onde a dança se afastar da arte, vai morrer por que perde o propósito. Mas a arte é uma necessidade que não pode ser suprida por qualquer outra coisa. A dança arrumará uma nova maneira de cumprir o seu fim. [Até lá, reproduz-se as velhas criações, já um tanto batidas, utilizando-se recursos de inovação que não tem muito valor artístico] >> Muito legal seu blog :]

    ResponderExcluir
  4. Ah! Nunca tinha visto essa versão da Carla Fracci! Lindíssima! Mas há uma interpretação [atualíssima!] que me faz amar esse repertório: a da Alina Cojocaru. http://www.youtube.com/watch?v=iJtZQnhnlM4&feature=related
    Bj

    ResponderExcluir
  5. Nossa, gente. Que bacana os comentários! Concordo com todos. É momento de crise. Como disse o Márcio, o ballet, inevitavelmente, precisa de público. É para a plateia que os bailarinos dançam. Concordo com a Paula, atualmente existe uma inversão. Queremos mais do que pernas altas. Nohara também está certíssima, crise e crítica são necessárias para evoluir. Ballet é arte. E isso os leigos têm de saber e quem está dentro da dança tem de lembrar sempre.
    (Gosto muito da Cojocaru, mas nunca a tinha visto em Giselle. Adorei! Obrigadão!)
    Bom, dou aula numa ONG e no sábado levei a discussão para meus alunos. Cada um vai produzir um artigo no qual opinará sobre o assunto. Não vejo a hora de ler os textos! Na minha opinião, precisamos incentivar o debate na sala de aula. Conheço meninas belíssimas que nunca refletiram sobre o ballet. Além de pessoas que dancem, precisamos de pessoas que 'pensem'o ballet.
    Bjão!!!

    ResponderExcluir
  6. Opinião formada..

    Agora é só transferir para o papel!

    ResponderExcluir
  7. Ju, olha! mais uma para nossa conlusão sobre o assunto
    http://blogs.estadao.com.br/edison-veiga/2011/04/12/bale-o-campeao-das-viradas/

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...